sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Testemunho


Olá, eu sou o Eliseu, irmão da Esmeralda, estou aqui para vos dar a conhecer um pouco da sua história.
A Esmeralda nasceu à 42 anos, mais propriamente a 29 de Março de 1967. O que aparentava ser uma gravidez normal tornou-se algo que ninguém esperava, a Esmeralda nasceu com “problemas” e devido a isso a Esmeralda foi baptizada com apenas 2 ou 3 dias de vida, porque não sabiam se ela iria sobreviver e graças a Deus ela conseguiu.
Mas só aos 18 meses foi-lhe diagnosticada uma paralisia infantil, assim se dizia na altura. Ela não teve uma infância fácil, mas apesar de tudo, os meus pais fizeram tudo o que estava ao seu alcance para ela se tornar na mulher que é hoje. Não foi tarefa fácil porque não tiveram apoio algum.
Quando entrámos para a escola, nós os irmãos mais novos, levamo-la algumas vezes para ela tentar aprender algo, mas não tínhamos juízo para tal responsabilidade.
Quando o meu pai faleceu, há cerca de 13 anos, foi quando começou a ter algum apoio na fisioterapia e depois, mais tarde, na Associação.
A Esmeralda, apesar da sua incapacidade, sempre tentou fazer algo por ela, nunca ficou de braços cruzados, tanto na fala como a nível motor. Ela nunca se deixou levar pela doença. Ela é muito forte. Tem uma personalidade forte, é alegre e um pouco teimosa; quando erra, por vezes, não quer dar o braço a torcer. No geral, é sociável. Enfim, é como todos nós.
Todos os dias connosco são uma aventura; com alegria, surpresa ou até preocupação.
Ela gosta de ir para a fisioterapia e de ir para a Associação, pois são os momentos em que ela sente uma certa liberdade e são muito especiais para ela.
Ela adora dar um passeio, pintar, dançar, adora o Tony carreira (inclusive tem um autógrafo dele) e também adora passar momentos com as sobrinhas (principalmente dar banho à sobrinha que tem apenas 2 anos; os olhos da Esmeralda até brilham de tanta alegria) e quando pode ajuda a minha esposa na cozinha.
Mas nem tudo são coisas boas: a nossa vida deu uma volta de 360 graus.
Há cerca de um ano, a nossa mãe, Dora Lúcia, morreu num acidente de viação e, desde então, eu e o meu irmão e as nossas esposas tomámos a responsabilidade de ficar com a nossa Irmã. Foi uma mudança muito grande para todos, mas para ela foi mais difícil porque a nossa mãe era tudo para ela; eram a companhia uma da outra. Ela vive 6 meses por ano com cada irmão, ou seja, 2 meses em cada casa. Foi a maneira mais fácil não só para a adaptação da Esmeralda, mas também da adaptação da minha filha de 2 anos. Não tem sido muito fácil, mas a cada dia que passa conquistamos um novo triunfo. Não digo isso em relação à Esmeralda (a adaptação dela foi boa), mas sim em relação à minha filha.
A Esmeralda teve que adaptar-se ao nosso meio de vida, que é um pouco diferente do que ela estava habituada. Mas a Esmeralda é uma mulher que quando quer vence qualquer etapa e conseguiu.
Ela ficou muito chocada, triste e pensou o que seria dela a partir de então, mas graças a Deus, ela tem a nós que tentámos fazer o melhor que sabemos e podemos para lhe dar uma vida digna de que merece.
Posso dizer e são palavras da minha Irmã que ela neste momento se sente tranquila, feliz e sente-se à vontade com todos nós.
Por fim gostaria de agradecer à APACDPV por tudo o que fizeram e fazem pela Esmeralda, pelo apoio que têm dado não só a ela mas a nós também, porque foi algo que aconteceu que ninguém esperava e tentámos fazer o nosso melhor e se alguma vez errámos há que dar outra oportunidade porque ninguém é perfeito.


Irmão da Esmeralda

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